terça-feira, 29 de dezembro de 2009

Prendas

Nunca percebi as regras do socialmente correcto relativamente às prendas...

Somos suposto gostar sempre, apesar de algumas vezes não gostarmos de todo?

É legítimo pedir o talão para troca ou fica mal e por isso mais vale é calarmo-nos?

Se a pessoa que nos deu a prenda não nos faz lembrar momentos felizes, mas antes pelo contrário, só nos traz más recordações, devemos manter a prenda ou desfazermo-nos dela?

Devemos aceitar as prendas todas por boa educação?

O que é que vocês acham disto tudo?

Eu não sou cínica nem faço fretes... portanto se não gosto e é para trocar, troca-se e pronto.

Mas há excepções.

A minha madrasta deu-me um lenço lindíssimo castanho e verde. Mas eu não uso castanho. Nem sequer pele. Pensei em dizer-lhe a verdade mas quando a ouvi dizer "ainda bem que gostaste porque estivemos imenso tempo para decidir a cor", não tive coragem de abrir a boca. Achei que, de certa forma, a deixaria triste. Claro que mais depressa se apanha um mentiroso que um coxo e então passados 15 minutos estava eu à conversa com o meu pai e sai-me qualquer coisa como "pois, eu não uso castanho, aliás, eu nem uma peça de roupa castanha tenho". E mais não digo. Devo ter ficado vermelhíssima quando o meu pai me perguntou "não usas castanho? mau!". Consegui dar a volta. Mas não me fiquei a sentir a melhor pessoa do mundo. Odeio mentir. Para além de não saber fazê-lo como deve de ser :)

E portanto a resposta da primeira pergunta leva à resposta da segunda... há pessoas a quem tenho a lata ou à vontade para pedir o talão para troca, e a outras nem por isso. Desta vez não pedi, mas ando aqui a remoer por não ter sido sincera... e acho que amanhã mesmo vou pedir o talão. E pelo menos uso a prenda. E ela fica feliz por me ver com ela.

Quanto à terceira pergunta, a resposta é-me muito fácil... como vos disse há bocado, não sou cínica e não faço fretes. Quem me conhece sabe. Portanto ofereço essas prendas a quem sei que vai gostar mesmo delas. É claro que digo a verdade às pessoas, e elas até agora perceberam sempre. Por exemplo, as minhas luvas de pele foram oferecidas a uma amiga minha pelo, na altura, namorado, quando tinham dado um tempo. Acham que ela queria olhar para as luvas e lembrar-se dele e desse momento menos bom? Não. E portanto, como sabia que eu andava à procura de umas luvas de pele, ofereceu-me aquelas.

A quarta pergunta daria pano para mangas... as prendas que aceitei por boa educação, ou acabaram no lixo, ou com outra pessoa. Porque me faziam lembrar momentos menos bons. E depois há aquelas que ainda temos na prateleira, que aceitámos mas que, no fundo, ainda nos fazem pensar se terá feito sentido aceitá-las. E, na nossa essência, sabemos a resposta. Mesmo que nos custe a admitir.

Namastè

2 comentários:

Anónimo disse...

Esta não é fácil. Por mais do que um motivo.
Primeiro quem te conhece mesmo, sabe ler-te e percebe se gostaste ou não (e tens razão não sabes mentir). Depois aqueles que oferecem com todo o carinho do mundo, pelo prazer de dar... a esses é realmente complicado dizer "ops, não gostei". Adorava saber o que dizer-te, sei lá, tipo "invisivél", quiça poderás experimentar "pedir o talão"... aí, aí ele existem situações do "arco da velha".

Segue o teu coração
Chuack
CJ

Coccinella disse...

:) LOL Não, não sei mentir :)E tu, és a maior ;)

Olhei para o lenço lindo e percebi que fica bem com roxo :) Vou usá-lo com todo o gosto, vou tirar fotos e vou mostrar à Jesus :) A verdade é que gostei... só não uso a cor. Não vou pedir o talão :)

Até porque só o essencial é que é invisível aos olhos :)

E tu, quando vires o lenço, vais-te passar. É que é lindo e extremamente macio.

Segui o coração :) bem antes de ler o teu post. É por estas e por outras que sou tua filha :)