quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

Ódios

Alguém me consegue explicar o fenómeno por detrás do facto de existirem pessoas que odeiam outras pessoas sem sequer saberem o porquê?

Não admitem que as odeiam mas suspiram, reclamam e mandam vir com tudo e com todos sempre que essas pessoas estão presentes... e não se enervam com uma só pessoa, enervam-se com uma catrefada delas.

Quem me conhece sabe que estou ligada a um caminho espiritual... no qual tenho andado a fazer um esforço gigante para amar todas as pessoas por igual. É difícil para mim. Principalmente este tipo de pessoas que descrevi.

Amigos meus acham que pode ter a ver com vidas passadas e o que se pode ter passado com esse tipo de pessoas noutras vidas. É possível.

Mas não consigo deixar de pensar que essas pessoas são tão inconscientes que nem se apercebem do que fazem. Passam por cima, esmagam uma pessoa sem pensar duas vezes. E por mais que eu tente pensar que não é propositado, não consigo manter-me ao lado delas... não consigo.

É só a mim que isto parece tudo muito claro?

Namastè

terça-feira, 11 de janeiro de 2011

Resolução de ano novo #1

Aprender a coexistir com gente hipócrita, sonsa, egoísta, invejosa, frustrada, inconsciente (de si e dos seus actos), cínica e outras coisas menos boas.

Porque esse tipo de pessoas não irá evaporar do mapa de um momento para o outro.

E já que essas pessoas existem e se continuarão a cruzar comigo, então terá de partir de mim a vontade de aprender a lidar com esse facto.

De qualquer forma, escolho (leia-se ESCOLHO) continuar a acreditar que o mundo pode e irá mudar. Para melhor. Tenho de acreditar. Porque senão torna-se tudo demasiado triste. Não consigo acreditar que hajam pessoas que gostem de ser cínicas e hipócritas... portanto opto por querer acreditar que, se o são, é porque não se apercebem, é porque não têm consciência daquilo que são ou fazem.

Se há pessoas que ESCOLHEM o caminho da inveja, da hipocrisia, do cinismo e da inconsciência, então eu ESCOLHO aprender a viver com esse tipo de pessoas. Quero e ESCOLHO continuar a caminhar no sentido de ser cada vez melhor pessoa. Porque é isso que me faz sentido.

ESCOLHO ter orgulho da pessoa em que me tenho vindo a tornar e ESCOLHO querer melhorar sempre mais e mais, sem querer parar esse processo de mudança e evolução.

Queria conseguir amar o próximo de igual forma, independentemente de ser um amigo ou um criminoso. Não consigo por agora. Mas quem sabe um dia...

Namastè

quarta-feira, 5 de janeiro de 2011

‎"A saúde mental dos portugueses" (in Publico pelo Dr. Pedro Afonso)

"Alguns dedicam-se obsessivamente aos números e às estatísticas esquecendo que a sociedade é feita de pessoas.

Recentemente, ficámos a saber, através do primeiro estudo epidemiológico nacional de Saúde Mental, que Portugal é o país da Europa com a maior prevalência de doenças mentais na população.(...)

Interessa-me a saúde mental dos portugueses porque assisto com impotência a uma sociedade perturbada e doente em que violência, urdida nos jogos e na televisão, faz parte da ração diária das crianças e adolescentes. Neste redil de insanidade, vejo jovens infantilizados incapazes de construírem um projecto de vida, escravos dos seus insaciáveis desejos e adulados por pais que satisfazem todos os seus caprichos, expiando uma culpa muitas vezes imaginária. Na escola, estes jovens adquiriram um estatuto de semideus, pois todos terão de fazer um esforço sobrenatural para lhes imprimirem a vontade de adquirir conhecimentos, ainda que estes não o desejem. (...)

Interessa-me a saúde mental dos portugueses porque, nos últimos quinze anos, o divórcio quintuplicou (...) As crises conjugais são também um reflexo das crises sociais. Se não houver vínculos estáveis entre seres humanos não existe uma sociedade forte, capaz de criar empresas sólidas e fomentar a prosperidade. Enquanto o legislador se entretém maquinalmente a produzir leis que entronizam o divórcio sem culpa, deparo-me com mulheres compungidas, reféns do estado de alma dos ex-cônjuges para lhes garantirem o pagamento da miserável pensão de alimentos.

Interessa-me a saúde mental dos portugueses porque se torna cada vez mais difícil, para quem tem filhos, conciliar o trabalho e a família. Nas empresas, os directores insanos consideram que a presença prolongada no trabalho é sinónimo de maior compromisso e produtividade. Portanto é fácil perceber que, para quem perde cerca de três horas nas deslocações diárias entre o trabalho, a escola e a casa, seja difícil ter tempo para os filhos.(...)

Interessa-me a saúde mental dos portugueses porque a taxa de desemprego em Portugal afecta mais de meio milhão de cidadãos. (...)

Interessa-me a saúde mental dos portugueses porque é difícil aceitar que alguém sobreviva dignamente com pouco mais de 600 euros por mês, enquanto outros, sem mérito e trabalho, se dedicam impunemente à actividade da pilhagem do erário público.(...)

Finalmente, interessa-me a saúde mental de alguns portugueses com responsabilidades governativas porque se dedicam obsessivamente aos números e às estatísticas esquecendo que a sociedade é feita de pessoas. Entretanto, com a sua displicência e inépcia, construíram um mecanismo oleado que vai inexoravelmente triturando as mentes sãs de um povo, criando condições sociais que favorecem uma decadência neuronal colectiva, multiplicando, deste modo, as doenças mentais.

E hesito em prescrever antidepressivos e ansiolíticos a quem tem o estômago vazio e a cabeça cheia de promessas de uma justiça que se há-de concretizar; e luto contra o demónio do desespero, mas sinto uma inquietação culposa diante destes rostos que me visitam diariamente."

Namastè