quinta-feira, 21 de maio de 2009

Lufada de ar fresco...

Durante anos e anos detestei a capital e falei dela com desdém. Agora sinto-a como a minha casa.

Contudo, não é fácil morar em Lisboa. Por vezes torna-se cansativo. E é por isso que sabe bem ir para fora no fim de semana. Seja cá dentro ou não.

Há 15 dias fui a Bristol com a mumy visitar o mano. Odiei a arrogância dos ingleses, mas adorei o facto de eles terem um estilo de vida extremamente ecológico e orgânico. Não só na teoria mas essencialmente na prática.

Desta vez o destino foi Madrid. Viagem rápida e baratíssima, com amigos muito porreiros como companhia, tanto de viagem, como à chegada.

A cidade é bonita, sempre achei que Madrid fosse uma cidade horrorosa mas enganei-me redondamente.

Soube-me a férias, porque sair de Lisboa, seja para onde for e durante quanto tempo for, é uma lufada de ar fresco. Quando se regressa a Lisboa e se vê a capital ao longe, instaura-se um sorriso na cara, por nos sentirmos de novo em casa :) E não há melhor sensação que essa.

Só que desta vez o regresso foi diferente do habitual... no mínimo caricato.

No último dia em Madrid ficámos em casa de uns amigos que entretanto foram de férias para Nova Iorque. Tomei banho tranquilamente e, quando o Ricardo tinha acabado o banho dele e o Vasco se preparava para entrar para a banheira, tocam-nos à campainha. Era uma chinesa que falava espanhol pior do que eu... gestos após gestos lá consegui entender que a senhora tinha uma loja por baixo do apartamento e que estava a cair imensa água na loja... pediu-nos para não usarmos mais a água até os moradores voltarem de Nova Iorque. Belo começo de dia.

Passou-se o dia, acabou o dia e estávamos nós no aeroporto quando o Vasco se lembrou de ver do BI. Ah, que estranho, o BI não estava na mala. "Vá Vasco, procura lá melhor, tira tudo da mala porque o BI estará certamente no meio da confusão". Não... não estava.

Falámos com a polícia, que disse que por eles não havia problema, desde que a companhia não levantasse problemas. Depois fomos à companhia (a boa da easyjet) que disse que por eles não havia problema, desde que a polícia não levantasse problemas. Já estão a ver o cenário não é? Conversas para aqui, conversas para ali e no fim não deixaram o Vasco embarcar sem um documento que comprovasse que o Vasco era aquela pessoa que se encontrava à frente deles. Lá fui eu com o Ricardo para dentro do avião com um ar muito desconsolado sem saber o que pensar... deixei os únicos 10 euros que tinha e o Vasco não tinha bateria no telemóvel.

Avisei o pessoal em Madrid que o Vasco tinha ficado... puseram-se logo a ver da carteira dos documentos. Nada. Passadas 3 horas o Vasco ainda não estava com eles. Comecei a achar estranho e a ficar preocupada. Assim que aterrei comuniquei com os amigos cá de Lisboa e começámos a ver as hipóteses. Transferimos dinheiro para a conta de um amigo para que o Vasco pudesse vir de comboio.

Achava eu que o meu dia estava a ser irreal quando decido ir ao centro de saúde ao pé de minha casa para pedir a alteração do processo de Portalegre para cá. Disseram-me que o meu centro de saúde não era aquele porque a minha rua não pertencia à freguesia de Santa Catarina. Isto depois de me terem dito 5 vezes, nos últimos dois meses, que o meu centro de saúde era aquele. Mas depois também não me souberam dizer qual era o meu centro de saúde. Fui para casa muito indignada e cansada, com duas horas de sono e muita preocupação na cabeça por causa do Vasco. Assim que cheguei decidi ligar para o centro de saúde para ver se me atendia outra pessoa, que me soubesse responder. Mas nada. Atendeu outra pessoa mas que, à semelhança da primeira, também não me sabia ajudar.
Como o site do ministério da saúde é tudo menos prático, decidi ligar para a saúde 24. Aí disseram-me que também não me podiam ajudar e optaram por me dar o número da Direcção Geral de Saúde. Liguei, passaram-me para mil pessoas diferentes, e já todas se riam com o caricato da situação. Não me souberam ajudar e deram-me o número da Associação Regional de Saúde do Centro. Liguei. Nada. Fiquei tão estupefacta que fiquei sem reacção... decidi dormir sobre o assunto.


Entretanto o Vasco lá chegou junto ao pessoal de Madrid. Fiquei mais aliavada. Adormeci. Dormi 13 horas. No dia seguinte recebi uma mensagem do Vasco a dizer que tinha chegado a Lisboa, a viagem demorou 10 horas...!

Quando cá chegou acharam a carteira dos documentos... ficou em Madrid juntamente com o mp3 e os óculos de sol.

Terei sonhado?

:) Namasté

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